Eles não ficam atrás

Autor: Hermano Mota

Desde criança aprendemos paradigmas entre homens e mulheres que costumam se perpetuar por bastante tempo. O mais clássico é o de que as mulheres gastam e os homens economizam. Pois bem, pelo menos no que se refere a consumo, felizmente, as coisas aos poucos estão mudando.

Pesquisa realizada no primeiro semestre de 2003 pelo instituto Ipsos-Marplan com 26 mil consumidores aponta algumas mudanças de comportamento interessantes: 47% dos homens entrevistados disseram ir às compras para espairecer e 36% deles concorda em pagar mais caro se o produto for de grife, superior ao das mulheres, cujo índice é de 30%. As mulheres, pelo senso comum, são muitas vezes taxadas de pessoas que não respeitam o orçamento, porém outra novidade que esta pesquisa mostrou foi que 64% delas fixam um valor máximo para as compras mensais e respeitam esse limite. Entre os homens pesquisados, apenas 60% deles fazem a mesma coisa.

Apesar de a pesquisa apontar semelhanças no nível de consumo de homens e mulheres, percebe-se que o tipo de produto geralmente mais consumido por cada sexo é diferente. Enquanto que as mulheres estão mais aptas a comprar produtos relacionados a vestuário, perfumaria e outros produtos mais “visíveis”, os homens primam mais pela compra de produtos com inovações tecnológicas, automóveis, entretenimento, dentre outros. Além disso, visitar várias lojas ainda é um hábito feminino, pois 82% das mulheres entrevistadas pesquisam antes de se decidir. Entre eles, a prática é adotada por apenas 67% dos entrevistados. Portanto, esta maior discrição masculina transmite a percepção de que elas são mais gastadoras, o que não parece ser muito a verdade.

A pesquisa também indicou outra informação curiosa: a compra por prazer. Do total de entrevistados, de ambos os sexos, 56% disseram ir ao comércio pelo simples prazer de comprar, porém com um dado interessante. Ao contrário das mulheres, que não se importam em ficar procurando pelo que mais lhes agrada, a um custo mais acessível, os homens muitas vezes preferem pagar mais caro por um produto com marca de grife, para ter certeza de que o produto é bom e de que ele não vai se arrepender. Isso evita a que o homem use muito de seu tempo para procurar o que precisa.

Sendo assim, de acordo com o produto, seria mais vantajoso investir na busca da fidelidade do cliente masculino ou feminino? Se um homem que não gosta de perder muito tempo comprando roupas e sabe que na loja do shopping perto de sua casa, onde ele já comprou uma vez, sempre tem as roupas que ele gosta, será que com um pouco de esforço não seria mais fácil adquirir sua fidelidade do que a de uma mulher, que costuma buscar mais novidades?

Estas alterações comportamentais são consequência de mudanças demográficas, com o crescente número de pessoas solteiras que moram sozinhas, obrigando a que cada uma se veja responsável por todas as atividades da casa, o que aumenta a demanda por conveniência e praticidade. Visto que é uma mudança que tende a aumentar, e rápido, esta pode ser uma oportunidade e tanto.

Autor: Hermano Mota

By | 2017-05-24T13:59:40-03:00 19 agosto, 2004|Categories: Artigos|Tags: , , |0 Comments

About the Author:

Mestre em Economia, especialização em gestão financeira e controladoria, além de MBA em Marketing. Experiência focada em gestão de inteligência competitiva, trade marketing e risco de crédito. Focado no desenvolvimento de estudos de cenários para a tomada de decisão em nível estratégico. Vivência internacional e fluência em inglês e espanhol. Autor do livro: Por Que Me Endivido? - Dicas para entender o endividamento e sair dele.

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