Consumidor compra menos produtos, mas valor do gasto sobe

Famílias cortaram em 8% o volume de mercadorias adquiridas no supermercado durante o 1º trimeste, mas gastaram 1% mais do que em 2014.

Depois de trocar marcas caras pelas mais baratas para driblar a inflação, os consumidores decidiram cortar a quantidade de produtos do carrinho de compras. E, mesmo assim, a conta ficou mais salgada na hora de passar pelo caixa do supermercado. É o que aponta pesquisa da Kantar Worldpanel.

Em geral, a variedade não foi reduzida. O que aconteceu é que os produtos foram comprados em menor quantidade. Há realmente uma racionalização. Os consumidores teriam que ter cortado mais para ter uma conta menor”, afirma Christine Pereira, diretora comercial da consultoria Kantar Worldpanel. Segundo o estudo, as famílias reduziram em 8% o volume de bens não duráveis – alimentos, bebidas, produtos de higiene, beleza e limpeza – comprados no primeiro trimestre do ano frente a igual período de 2014.

Na hora de pagar a conta, porém, a compra mais modesta do início deste ano custou 1% a mais do que a de um ano atrás, que tinha um carrinho com uma quantidade maior de mercadorias.

“O problema é que esses produtos ficaram em média 9% mais caros no período. Ou seja, os consumidores teriam que ter cortado mais para conseguir realmente ter uma conta menor”, explica Christine.

Menos bebidas

Os consumidores reduziram principalmente o consumo de bebidas, que diminuiu 13%. Entre os itens menos procurados estão leite de soja e suco congelado. As outras categorias também perderam espaço, como alimentos (-5%), higiene e beleza (-4%) e limpeza (-4%). Para chegar aos números, a consultoria escaneia os produtos e a nota fiscal dos consumidores em 11.300 residências em todas as regiões brasileiras e de diferentes níveis sociais.

Além de preços salgados, consumidores repensam as compras num momento de piora do mercado de trabalho e do salário. A renda real caiu 2,8% na passagem de março para fevereiro, o pior resultado em 12 anos. “O consumidor está inseguro com a recessão, com o orçamento limitado. Ele não quer aumentar o gasto. Então reduz as compras do que não é essencial”, diz Fabio Bentes, da CNC (Confederação Nacional do Comércio).

Um indicador claro foi a queda de 1,5% no consumo das famílias no PIB no primeiro trimestre deste ano. Foi o pior resultado desde o quarto trimestre de 2008 e o principal responsável pela queda de 0,2% do PIB no primeiro trimestre do ano.

Perfil do consumidor

As famílias de classe A e B cortaram 9% do volume de produtos comprados de janeiro a março, em comparação ao mesmo período do ano passado. O valor gasto caiu apenas 1% no período. Esses consumidores reduziram a compra de produtos como lanche pronto, fraldas descartáveis, leite pasteurizado e suco congelado. Para eles, a compra de bens não duráveis representa uma parcela relativamente pequena do orçamento: 19%. Os serviços são os que mais pesam no orçamento. “Eles preservam serviços como colégio do filho, o curso de inglês, o plano de saúde”, afirma o consultor Eugenio Foganholo, especialista em varejo da Mixxer.

Realidade bem diferente da classe C, que cortou em média 10% do volume comprado. O valor gasto, porém, cresceu 1% de janeiro a março, em relação ao mesmo período do ano passado. Para a nova classe média, bens não duráveis respondem por 29% do orçamento. Os produtos com maior queda na compra foram leite fermentado, produtos para barba, água de coco, chá pronto e leite pasteurizado.

As classes D e E, cuja cesta é composta de produtos mais essenciais, cortou menos o volume de produtos: 4%, segundo a pesquisa.

Fonte: Folha de S. Paulo

By | 2017-05-28T09:06:50-03:00 14 junho, 2015|Categories: Consumo, Marca, Mercado, Pesquisas, Varejo|Tags: , , , |0 Comments

About the Author:

Mestre em Economia, especialização em gestão financeira e controladoria, além de MBA em Marketing. Experiência focada em gestão de inteligência competitiva, trade marketing e risco de crédito. Focado no desenvolvimento de estudos de cenários para a tomada de decisão em nível estratégico. Vivência internacional e fluência em inglês e espanhol. Autor do livro: Por Que Me Endivido? - Dicas para entender o endividamento e sair dele.

Leave A Comment

Avada WordPress Theme