Em entrevista ao Portal HSM, Flavio Horta, diretor da Digitalks, fala sobre as oportunidades existentes neste mercado e ressalta ações que realmente fazem a diferença para o consumidor

Dentro do campo de estudo do marketing digital, o mobile marketing tem sido alvo há algum tempo de experimentações por parte das empresas. Fazer uso do celular como meio para ações de relacionamento com os clientes abre margem para uma infinidade de recursos, que variam desde o tradicional SMS até aplicativos mais arrojados que proporcionam interação com o usuário.

Dados da Pesquisa Internet Pop, divulgados pelo IAB em outubro de 2010, apontam que 14% da classe A já utilizam internet pelo celular. Contudo, de acordo com Flavio Horta, publicitário e diretor da Digitalks, a queda de preços dos aparelhos e a popularização dos smartphones e dos planos de internet permitiram que a classe C passasse a ter acesso a estes aparelhos  móveis com acesso à internet. “Com isso, o mercado de publicidade ganha novos adeptos e maior penetração para as empresas trabalharem o mobile marketing no Brasil”, complementa.

Para o executivo, mobile marketing é promissor no Brasil, pois as estratégias das empresas ainda estão em fase embrionária, apesar de terem avançado muito nos últimos tempos.

Países como Estados Unidos e Japão já permitem efetuar pagamento de produtos via celular e, principalmente utilizar o serviço de geolocalização, que para Horta é uma tendência no mercado nacional de mobile marketing. “Esta é uma enorme oportunidade para as empresas oferecerem produtos e serviços de acordo com a localização do cliente. Por exemplo, hoje já existem aplicativos onde você procura restaurantes, bares, lojas e entretenimentos mais próximos da sua localidade”, pontua.

Confira a íntegra da entrevista:

Portal HSM: Quais são os principais benefícios e riscos do uso de Mobile Marketing?

Flávio Horta: Quando uma empresa desenvolve aplicativos para usuários acessarem em aparelhos móveis, é preciso tomar alguns cuidados para que estes não caiam no esquecimento dos clientes. É importante fazer a pergunta: por que alguém usaria um aplicativo em seu aparelho móvel? Experiências que deram certo mostram que os aplicativos para celulares funcionam quando são úteis para a vida prática das pessoas. Um aplicativo ‘engraçadinho’ ou sem valor real para os usuários só fará a empresa gastar dinheiro e não será utilizado. Por isso é tão importante o planejamento das ações mobile, exatamente como fazemos em qualquer outra ação de marketing. Como benefício é a proximidade entre marca e consumidor, já que o usuário carrega dentro do seu bolso o celular full time. É a busca do share-of-time ao invés do share-of-mind.

Portal HSM: Um case recente brasileiro do uso do Mobile Marketing foi a cerveja Devassa, que incentiva o consumidor a ligar para um número e interagir com a marca. Este tipo de ação pontual pode trazer mais benefícios além da interação e exposição?

Horta: Sim. O principal ponto é o engajamento. Se um cliente está disposto a ligar para um número para interagir com a marca, este pode ser o melhor momento para engajar este consumidor, transformando-o até em defensor e advogado da sua marca. Além do mais, uma campanha mobile bem feita pode trazer ainda um poder viral extraordinário.

Portal HSM: Hoje, em sua opinião, as empresas brasileiras estão evoluídas em termos de estratégias de Mobile Marketing?

Horta: O Brasil já avançou muito em estratégias de Mobile Marketing, mas acredito que só com a popularização dos smartphones e com a queda dos planos de dados para aparelho móveis (que está acontecendo agora) é que as empresas vão realmente dar maior importância para chegar perto de países como Estados Unidos e Japão.

Nestes países, há anos é possível efetuar pagamento de produtos via celular e, principalmente utilizar o serviço de geolocalização. Por falar em geolocalização, esta é uma enorme oportunidade para as empresas oferecerem produtos e serviços de acordo com a localização do cliente. Algumas empresas que já estão trabalhando nesse modelo estão obtendo muito sucesso. Por exemplo, hoje já existem aplicativos onde você procura restaurantes, bares, lojas e entretenimentos mais próximos da sua localidade.

Portal HSM: Muitas empresas acreditam ainda que o Mobile Marketing esteja concentrado somente no uso de SMS. Qual a real eficiência deste recurso?

Horta: O Mobile Marketing não está concentrado no SMS. Até porque disparar SMS legalmente para uma base de clientes não é simples. É necessário autorização formal dos clientes, além da autorização de cada operadora. Dá trabalho e o custo é alto. Outro ponto negativo do SMS é que ele pode chegar num momento indesejado ao cliente e a comunicação acaba se tornando negativa. Resumindo, acredito que o SMS Marketing pode servir para alguns objetivos de marketing e relacionamento com o consumidor, mas não para todos.

Como dito anteriormente, os mecanismos muito explorados no exterior e que está tomando forças no Brasil é o desenvolvimento de aplicativos, os chamados ‘apps’. Mas não podemos esquecer que é necessário ter um app relevante e que gere valor para obter sucesso.

Portal HSM: Para 2011, o que se pode esperar de ações das empresas em termos de mobile marketing? Quais seriam as principais tendências?

Horta: A geolocalização é uma grande tendência para 2011. Grande parte dos aparelhos móveis possui GPS e a partir desse recurso é possível fazer ofertas e oferecer serviços de acordo com a localização, o que torna a segmentação muito mais assertiva.
Outra tendência muito importante é o relacionamento e o marketing nas mídias sociais. De acordo com os dados da Pesquisa Internet Pop, divulgados pelo IAB em outubro de 2010, 21% das pessoas que acessam a internet pelo celular, acessam também suas redes sociais. Esta é a maior atividade das pessoas conectadas em seus aparelhos móveis. Em segundo lugar é acessar conteúdo e sites de música, seguido de esportes, jogos online, vídeos, e entretenimento.

Fonte: HSM On line